sábado, 15 de junho de 2013

Cassandra

 Cassandra, também conhecida como Alexandra "aquela que envolve os homens" e o seu irmão gêmeo Heleno, eram dois dos 20 filhos do rei Priamo e da rainha Hécuba de Troia, e sempre brincavam no Templo de Apolo. Anoiteceu e os gêmeos dormiram no templo. Enquanto as crianças dormiam, duas serpentes passaram a língua nos ouvidos das crianças e eles se tornaram tão sensíveis que podiam escutar as vozes dos deuses. 




     Cassandra tornou-se uma jovem de magnífica beleza, fiel servidora de Apolo. Tanto se dedicava, que Apolo se apaixonou por ela e lhe ensinou os segredos da profecia. Assim, Cassandra tornou-se uma profetisa. Porém, quando repudiou o amor de Apolo ele cuspiu em sua boca e retirou o dom da persuasão. Cassandra era desacreditada por todos, mesmo suas profecias sendo verdadeiras. 

     Ela passou a ser considerada uma louca, quando tentou comunicar aos troianos as suas previsões de catástrofes e desgraças. Era constantemente ridicularizada, embora tenha feito inúmeras profecias a alguns de seus irmãos como Heitor, Polido, Creusa, Laódice, Páris, Dêifobo, Polixena, Polidoro, Antifo, Tróilo e Ilíone.

     Quando Páris nasceu, Cassandra teria profetizado de que ele causaria a destruição de Troia. A falta de credibilidade das suas previsões levou à queda e consequente destruição de Tróia, quando ela viu frustradas as suas sucessivas tentativas de implorar a Príamo que ele destruísse o cavalo de madeira - o Cavalo de Tróia - enviado por Ulisses para a conquista de Tróia. 

     Com a cidade tomada pelos gregos, Cassandra foi dada na partilha a Agamenon que partiu com ela em seu navio de volta à Micenas. No entanto, ao chegar, Agamenon foi assassinado por Egisto, amante da sua mulher Clitemnestra. Cassandra partiu para a Cólquida, onde encontrou Zakíntio e com ele foi fundar uma nova cidade, pois ele havia recebido uma mensagem dos deuses que deveria fundar uma cidade juntando-se a uma sacerdotisa. 

     Heleno também recebeu de Apolo o dom da adivinhação e predisse que a viagem de Páris à Grécia seria nefasta. Com efeito, no seguimento da viagem desencadeou-se uma guerra. Durante a guerra e após a morte de Páris, Heleno aspirou à mão de Helena, mas foi-lhe recusada em favor de Deifobo. Frustado, Heleno retirou-se para o monte Ida onde foi capturado e torturado pelos gregos, que aconselhados pelo adivinho Calcas, lhes disse que Heleno poderia dizer como invadir e vencer Troia.

     As profecias de Heleno indicaram que os gregos venceriam se conseguissem recuperar as flechas de Héracles em posse de Filoctetes; se roubassem o paládio troiano através do estratagema do cavalo de Tróia; e se persuadissem o filho de Aquiles, Neoptólemo, a juntar-se à guerra. Neoptólemo estava escondido em Esciro, mas os gregos convenceram-no a ir a Tróia. 

     Depois que seus pais, Priamo e Hécuba foram mortos pelos aqueus durante a guerra de Troia, Heleno foi escravizado por Neoptólemo, filho de Aquiles, mas ganhou a liberdade e a sua confiança ao impedi-lo de zarpar com o resto da frota dos aqueus, predizendo uma terrível tempestade. Existem muitas versões sobre o destino de Heleno.

     Alguns dizem que ele foi levado para o Épiro onde desposou Andromaca, viúva de Heitor, sendo declarado herdeiro do trono de Neoptólemo. Outros dizem que ele partiu para o país dos Molossos, onde posteriormente fundou uma cidade na Molóssia, onde viveu pelo resto de seus dias... 



     De acordo com a placa de número 183, no Museu de Arqueologia de Atenas, ao que tudo indica, Cassandra não foi morta em Troia ou em Micenas, como muitos acreditam, mas sim realmente ajudou na fundação da nova cidade, dando descendência de trinta gerações depois a Agaton, o autor da placa com pedido escrito aos deuses. Ájax, filho de Oileu mais tarde arrependeu se e doou a Cassandra todos os seus bens.

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Ares

     Ares, na mitologia grega, é filho de Zeus e Hera. Ares foi muito cultuado em Esparta, uma das mais importantes Cidades-Estados da Grécia antiga. Embora muitas vezes tratado como o deus olímpico da guerra, ele é mais exatamente o deus da guerra selvagem, ou sede de sangue, ou matança personificada.
     Os romanos identificaram-no como Marte, o deus romano da guerra e da agricultura.



     Entre os helenos sempre houve desconfiança de Ares. Embora também a meia irmã de Ares, Atena, fosse uma entidade da guerra, a posição de Atena era de guerra estratégica, enquanto Ares tendia a ser a violência imprevisível da guerra. O seu lugar de nascimento e sua casa verdadeira foram colocados muito longe, entre os bárbaros e trácios belicosos, de onde ele se retirou depois que o seu caso com Afrodite foi revelado.
     Corvos e cães, animais que se alimentam dos cadáveres nos campos de batalha, são sagrados para Ares.


     Símbolos de Ares


     Ares tinha uma quadriga desenhada com rédeas de ouro para quatro (Ilíada v.352) garanhões imortais que respiravam fogo. Entre os deuses, Ares era reconhecido pela sua armadura de latão; ele brandia uma lança ou uma espada na batalha. Os seus pássaros agudos e sagrados eram a coruja de celeiro, o pica-pau, o bubo e, especialmente no sul, o abutre. De acordo com Argonáuticas os pássaros de Ares (Ornithes Areioi) eram um bando de pássaros que lançavam penas em forma de dardos que guardaram o templo das Amazonas do deus em uma ilha costeira no Mar Negro. Em Esparta, em uma noite ctônica de sacrifício de um cão a Enyalios ficou assimilado ao culto de Ares. O sacrifício poderia ser feito a Ares na véspera de uma batalha para pedir sua ajuda.


     Embora importante na poesia, Ares era raramente incluído no culto na Grécia antiga, salvo em Esparta, onde ele era propiciado antes da batalha, e, embora implicado no mito de fundação de Tebas, ele apareceu em poucos mitos.
     Em Esparta havia uma estátua do deus acorrentado, para mostrar que o espírito de guerra e vitória nunca deveria deixar a cidade. O templo a Ares na ágora de Atenas que Pausânias viu no século d.C. só tinha sido movido e rededicado lá durante o tempo de Augusto; na essência ele era um templo romano a Marte. O Areópago, "o monte de Ares" onde São Paulo pronunciou sermões, é situado em alguma distância da Acrópole; em tempos arcaicos era um terreno para disputas. A sua conexão com Ares, possivelmente baseado em uma etimologia falsa, pode ser puramente etiológica.



     Deimos, "o terror", e Phobos "medo", eram seus companheiros na guerra, crianças nascidas de Afrodite segundo Hesíodo. A irmã e companheira de assassinato de Ares era Eris, a deusa da discórdia ou Ênio, a deusa da guerra, derramamento de sangue e violência. Ele também foi assistido pelo deus menor da guerra Enyalios, seu filho com Ênio, cujo nome ("bélico", o mesmo significado que Ênio) também servia como um título do próprio Ares. A presença de Ares era acompanhada por Kydoimos, o demônio do estrondo da batalha, bem como o Makhai (Batalhas), o Hysminai (Carnificinas), Polemos (um espírito menor da guerra; provavelmente um epíteto de Ares, como ele não teve nenhum domínio específico), e a filha de Polemos, Alala, a deusa/personificação do grito de guerra grego, cujo nome Ares usou como o seu próprio grito de guerra. Sua irmã Hebe também desenhou banhos para ele.


     A fundação de Tebas

     Um dos papéis de Ares que era situado em terra firme na própria Grécia estava na fundação do mito de Tebas: Ares colocou um dragão para guardar uma nascente em Tebas (Pseudo-Apolodoro menciona que algumas versões diziam que o dragão era filho de Ares ), e este dragão foi morto por Cadmo, sendo o antepassado dos tebanos, já que os dentes do dragão foram semeados na terra como uma colheita da qual nasceram soldados totalmente armados, que lutaram até a morte, até que só sobraram cinco, quando Equionte, um deles, comandou que eles parassem de lutar. Os nomes destes semeados (espartos) eram Equionte, Udeu, Ctônio, Hiperenor e Peloro. Para propiciar Ares, Cadmo serviu um ano (equivalente a oito dos anos atuais) a Ares, e depois disso casou-se com Harmonia, a filha da união de Ares com Afrodite.



     Há vários filhos de Ares, Cicno (Kýknos) da Macedônia, que foi tão assassino que tentou construir um templo com as caveiras e os ossos de viajantes. Herácles matou esta monstruosidade abominável, gerando a ira de Ares, a quem o heroi feriu.

     Outros consortes de filhos de Ares incluem:

Aglauros
Alcippe
Afrodite (apesar de ser esposa de Hefesto)
Anteros (em algumas fontes )
Deimos("Pânico")
Eros (em algumas fontes)
Harmonia
Phobos ("Medo")
Cirene
Diómedes
Harpina (ou Sterope, segundo algumas contas)
Oenomaus
Otrera (Rainha das Amazonas)
Pentesiléia
Hipólita
Antíopa
Melanipe
Pyrene
Cicno
Biston
Astyoche
Ascalaphus e Ialmenus
Bistonis
Tereus
Reia Sílvia (mitologia romana)
Remo
Rômulo
Eriteia (uma das Hespérides, filhas de Atlas)
Eurytion
Mães desconhecidas
Melanippe
Thrax


     No conto cantado pelo bardo na sala de Alcínoo, o Deus do sol Hélio uma vez espiou Ares e Afrodite amando um ao outro secretamente na sala de Hefesto, e ele prontamente informou o incidente ao cônjuge Olimpíco de Afrodite. Hefesto conseguiu pegar o casal em flagrante, e para tanto, ele fez uma rede especial, fina e resistente como o diamante para pegar os amantes ilícitos. No momento apropriado, esta rede foi jogada, e encurralou Ares e Afrodite em um abraço apaixonado. Mas Hefesto ainda não estava satisfeito com a sua vingança — ele convidou os deuses Olimpos e deusas a examinar o casal infeliz. Por causa da modéstia, as deusas duvidaram, mas os deuses testemunharam a vista. Alguns comentaram a beleza de Afrodite, os outros opinavam em trocar de lugar ansiosamente com Ares, mas todos zombaram dos dois.   

     Uma vez que o casal foi solto, Ares, embaraçado, fugiu para longe à sua pátria, Trácia.
     Em um detalhe interpolado muito posterior, Ares põem o jovem Alectrião à sua porta para avisá-los da chegada de Hélio, como Hélio diria a Hefesto da infidelidade de Afrodite se os dois fossem descobertos, mas Alectrião adormeceu. Hélio descobriu os dois e alertou Hefesto. Ares ficou furioso com Alectrião e o transformou em um galo, que agora nunca esquece de anunciar a chegada do sol na manhã.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Hera

     Hera,  era a rainha do Olimpo, conhecida também como a deusa protetora do casamento, da vida e da mulher, governava o Olimpo ao lado do seu marido  Zeus, filha de Cronos e Réia. 



     Tem como seu animal preferido o Pavão e é associada ao signo de Escorpião. Tinha a fama de ser ciumenta com razão, pois Zeus era muito infiel, de todos os filhos que Zeus teve, dois foram concebidos em seu casamento com Hera que foi Ares (deus da guerra) e Hefesto (deus do fogo). 

     Hera considerava muito o casamento e foi muito humilhada por Zeus por suas traições e o que a deixou muito triste, foi quando ele sozinho gerou sua filha Atena, mostrando que não precisava de Hera nem para conceber um filho.
     Um dos episódios de ciúmes de Hera foi com Calisto (deusa) que por ter muita beleza conquistou seu marido, mas Hera para separar os dois a transformou em uma Ursa. Calisto ficou muito isolada de todos e também com medo da floresta por causa dos caçadores. Até que um dia ao reconhecer seu filho Arcas correu para abraçá-lo, mas Arcas já preparava sua lança por não reconhecer sua mãe. Hera vendo o que aconteceria lançou um feitiço e enviou os dois para os céus que viraram constelações, a Ursa maior e a Ursa menor. Porém como Hera ainda tinha muita raiva de sua rival pede para Tétis e Oceano, divindades do mar, para que não deixem descansarem em suas águas, e com isso essas duas constelações sempre ficam em círculos e nunca descem para trás das águas como as outras estrelas.

      Outro episódio de ciúme de Hera foi quando Zeus, por saber que Hera estava chegando e ele estava com uma de suas amantes (Io), a transforma rapidamente em uma vaca. Hera, muito desconfiada, pede para Zeus aquela vaca de presente e Zeus não podendo negar um presente, o dá para sua esposa. Ela então coloca aquela novilha aos cuidados de Argos, um monstro de muitos olhos, que ao dormir nunca fechava todos com isso a novilha estava sempre sendo observada. Mas Zeus ao ver o sofrimento da amante pede para que Hermes mate Argos. Então, Hermes toca uma música, fazendo Argos dormir completamente, fechando todos os olhos. Após isso, Hermes arranca-lhe a cabeça.



     Hera muito triste pelo acontecimento, pega todos os olhos e coloca na cauda de seu pavão, onde eles estão até hoje. A deusa continua perseguindo Io, mas Zeus promete que não terá mais nada com a amante –     
     Hera aceita a promessa e devolve a aparência humana à Io.

     Hera durante muito tempo não só perseguia as amantes, mas também os filhos que Zeus teve fora do casamento. E sempre foi considerada a deusa protetora das mulheres casadas.

     Retratada como ciumenta e agressiva contra qualquer relação extra-conjugal, odiava e perseguia as amantes de Zeus e os filhos de tais relacionamentos, tanto que tentou matar Hércules quando este era apenas um bebê. O único filho de Zeus que ela não odiava, antes gostava, era Hermes e sua mãe Maia, porque ficou surpresa com a sua inteligência e beleza.



     Possuía sete templos na Grécia. Mostrava apenas seus olhos aos mortais e usava uma pena do seu pássaro para marcar os locais que protegia.
     Hera era muito vaidosa e sempre quis ser mais bonita que Afrodite, sua maior inimiga.

     Irmã e esposa de Zeus, a mais excelsa das deusas, é representada na Ilíada como orgulhosa, obstinada, ciumenta e rixosa.Com Zeus teve todos os seus filhos Hebe, Hefesto, Ares, Éris e Ilitia . Odiava sobretudo Herácles, que procurou diversas vezes matar. Na guerra de Tróia por ódio dos troianos, devido ao julgamento de Páris, ajudou os gregos.

Medusa - Reflexão

   

     O seguinte curta metragem, conta de uma forma muito comovente, um outro lado da história da personagem Medusa. Lado que poucos poderiam parar para pensar.

     Assista e comente o que você achou:






Górgona Medusa

     As três irmãs Górgonas - Medusa, Esteno e Euríale - eram filhas das antigas divindades marinhas, Fórcis e sua irmã, Ceto, monstros ctônicos de um mundo arcaico. Sua genealogia é partilhada com outro grupo de irmãs, as Greias, como é explicado na obra Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, que situa ambos os trios de irmãs num lugar longínquo, "a terrível planície de Cistene":

     "Lá perto delas suas três irmãs feiosas, as Górgonas, aladas
Com cobras no lugar de cabelo — odiavam o homem mortal —"


   
     Medusa já foi uma mulher deslumbrante, que todos os homens da Grécia queriam possuir e todas as mulheres a invejavam. Mas medusa não podia se casar porque era sacerdotisa de Atena deusa da guerra e virgem, ela estava além dos desejos masculinos, por isso as servas do templo de Atena deveriam ser virgens. Mas Poseidon, enlouquecido pelo desejo, violentou a sacerdotisa virgem dentro do templo de Atena. A inocência de Medusa foi roubada e sua vida mudaria para sempre. Por ter profanado o templo da deusa, Atena despertou sua ira, mas não sobre Poseidon (como deus masculino, o que ele fez não a surpreendeu) aos olhos de Atena era medusa quem devia ser castigada. Ai então a vitima se tornaria a acusada. Atena roga uma sentença arrasadora sobre Medusa e então, Medusa de bela se torna um monstro.    
     Quem a olhasse se petrificaria

     Medusa se tornou uma criatura chamada górgona (no grego antigo - horrível)
     A mudança em sua aparência foi só o início do castigo, por causa do seu olhar petrificador, Medusa era um alvo. O guerreiro que a vencesse iria obter a maior arma de uma batalha, pois sua cabeça decepada ainda poderia petrificar. Por isso vários homens tentaram mata-la, mas todos falharam vítimas de seu olhar.


     Na maioria das versões do mito, enquanto a Medusa esperava um filho de Poseidon, deus dos mares, teria sido decapitada pelo herói Perseu, que havia recebido do rei Polidetes de Sérifo a missão de trazer sua cabeça como presente. Com o auxílio de Atena, de Hermes, que lhe forneceu sandálias aladas, e de Hades, que lhe deu um elmo de invisibilidade, uma espada e um escudo espelhado, o herói cumpriu sua missão, matando a Górgona após olhar apenas para seu inofensivo reflexo no escudo, evitando assim ser transformado em pedra. Quando Perseu separou a cabeça da Medusa de seu pescoço, duas criaturas nasceram: o cavalo alado Pégaso e o gigante dourado Crisaor.


     Na Odisseia Homero não menciona a Medusa especificamente pelo nome:

     "A menos que por minha ousadia Perséfone, a terrível,
Do Hades envie uma pavorosa cabeça de um monstro horrível."

    
     De acordo com Ovídio, no Noroeste da África, Perseu teria voado pelo titã Atlas, que segurava o céu em seus ombros, e o transformado em pedra. Oscorais do Mar Vermelho teriam sido formados pelo sangue da Medusa, derramado sobre algas quando Perseu colocou a cabeça num trecho do litoral, durante sua breve estada na Etiópia, onde salvou e se casou com a princesa Andrômeda. As víboras venenosas que infestam o Saara também foram citadas como sendo nascidas de gotas derramadas de seu sangue.



     Perseu voou então para Sérifo, onde sua mãe estava prestes a ser forçada a se casar com o rei Polidetes, que foi transformado em pedra ao olhar para a cabeça da Medusa. Perseu deu então a cabeça da Górgona para Atena, que a colocou em seu escudo, o Aegis.
     Algumas referências clássicas se referem às três Górgonas; Harrison considerava que o desmembramento da Medusa num trio de irmãs seria um aspecto secundário do mito:

"A forma tripla não é primitiva, é apenas um exemplo de uma tendência geral... que faz de cada deusa uma trindade, o que nos deu as Horas, as Graças, as Semnas, e diversas outras tríades. Parece imediatamente óbvio que as Górgonas não são realmente três, mas sim uma + duas. As duas irmãs que não foram mostras são meros apêndices existentes pelo costume; a Górgona verdadeira é a Medusa."


     Enquanto os antigos artistas gregos, ao pintar vasos e gravar relevos, imaginavam a Medusa e suas irmãs como tendo nascido com uma forma monstruosa, os escultores e pintores do século V a.C. passaram a visualizá-la como sendo bela, ao mesmo tempo que aterrorizante. Numa odeescrita em 490 a.C., Píndaro já falava da "Medusa de belas bochechas".


     Numa versão posterior do mito da Medusa, relatada pelo poeta romano Ovídio, a Medusa teria sido originalmente uma bela donzela, "a aspiração ciumenta de muitos pretendentes", sacerdotisa do templo de Atena. Um dia ela teria cedido às investidas do "Senhor dos Mares", Poseidon, e deitado-se com ele no próprio templo da deusa Atena; a deusa então, enfurecida, transformou o belo cabelo da donzela em serpentes, e deixou seu rosto tão horrível de se contemplar que a mera visão dele transformaria todos que o olhassem em pedra. Na versão de Ovídio, Perseu descreve a punição dada por Atena à Medusa como "justa" e "merecida".


     Existem ainda duas outras versões:

A PRIMEIRA conta que a Medusa, tentou competir com a deusa Atena em beleza, e está não suportando tal insulto, havia transformado a Medusa em uma criatura horrorosa, e seus cabelos que ela tanto amava, foram transformados em serpentes vivas. 

A SEGUNDA conta que Zeus havia seduzido a Medusa e levado ela até o templo de Atena e ali ele teria violentado a moça para logo em seguida abandona-la, o que causo a ira de Atena e que a transformou na criatura. 


      Na Antiguidade Clássica a imagem da cabeça da Medusa aparecia no objeto utilizado para afugentar o mal conhecido como Gorgoneion.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Íxion

     Íxion figura entre os três maiores vilões da mitologia grega, ao lado de Sísifo e Tântalo. Tanto a culpa de Tântalo quanto a justiça no castigo de Sísifo são questionáveis, contudo, não há argumentos capazes de defender Íxion.



     Íxion, filho de Flégias, descendente do deus-rio Peneu foi rei dos Lápitas, um povo que habitava a Tessália, próximo aos montes Pélios e Ossa. Tendo-se apaixonado por Dia, filha de Eioneu, prometeu-lhe seus cavalos em troca da mão de sua filha. Após o casamento, Íxion negou ao seu sogro os cavalos que lhe havia prometido, ao que este reagiu com a tomada à força do que lhe era devido, fazendo com que Íxion jurasse vingança. Não tendo conseguido decidir entre a morte e o sofrimento para seu sogro, Íxion optou por ambos: construiu uma câmara incendiária e camuflou-a em sua casa como um cômodo. Dioneu, tendo aceitado um convite de Íxion para uma reconciliação dirigiu-se à casa deste e caiu em sua armadilha.   
   

     Enquanto era incinerado, seus gritos de desespero levaram Íxion ao arrependimento, mas era tarde. Ao abrir a porta da câmara, Íxion se deparou com o corpo carbonizado de seu sogro.
     Após seu crime, o remorso fez com que Íxion enlouquecesse, e sua loucura o fez errar pelo mundo como mendigo. A única maneira de recobrar a sanidade seria submetendo-se a uma purificação para a expiação do crime, porém ninguém conhecia o ritual próprio para o caso, já que nunca antes ninguém havia assassinado um membro de sua própria família.


Íxion preso na roda.

     Ao ver o sofrimento de Íxion, Zeus apiedou-se. Restitui-lhe a sanidade e convidou-o a partilhar do banquete dos Deuses, convite que foi prontamente aceito pelo mortal. Tendo-se embriagado pelo néctar, Íxion passou a assediar a esposa de seu anfitrião, a deusa Hera . Esta, ao perceber as intenções do visitante alertou seu esposo a respeito das intenções de seu convidado. Ao que parece Zeus encontrava-se com um bom-humor anormal neste dia, pois, em lugar de irritar-se, achou divertida a situação, e para testar seu hóspede moldou sua própria esposa usando uma nuvem (néfele em grego), e deixou-a a sós com Íxion, que a possuiu. 




     Desse conúbio nasceu a raça dos Centauros, metade homens, metade cavalos. Todos os Centauros são descendentes de Íxion, exceto Quíron (preceptor de Aquiles entre outros) e Folo.
     Após ter possuído Néfele crendo ser esta a deusa Hera, Íxion despediu-se dos Deuses e voltou para a Terra e, tendo chegado, divulgou para os primeiros mortais que encontrou, que havia possuído a esposa do próprio Zeus. 


     Zeus, enfim, irritou-se ao ver a possibilidade de angariar a fama de ter sido traído por um mortal. Imediatamente Íxion foi fulminado por um raio e lançado no Tártaro, onde foi preso a uma roda em chamas e condenado a nela girar pela eternidade.

Centauro

     Na mitologia grega, os centauros  são uma criatura com a cabeça, braços e dorso de um humano e no corpo e pernas de um cavalo.



     Os centauros eram seres fantásticos, meio homens, meio cavalos, que habitavam as regiões próximas às montanhas e às florestas. Eles reuniam em si as características racionais dos seres humanos e as paixões inferiores, mas também alguns valores importantes dos cavalos, do ponto de vista da mitologia grega.
     Dizem as lendas que seu ancestral era Ixion, soberano dos lápitas, que viviam nas redondezas dos montes Pélion e Ossa, na Tessália. Eles eram socializados, mas eventualmente revelavam-se indomáveis e muito violentos. Ixion, o primeiro homem a liquidar um familiar, pertencia à linhagem de Peneu, o deus-rio, mas também podia ser integrante de outro ramo genealógico, o de Sísifo, de acordo com outra tradição cultural.



     Conta-se que Ixion foi condenado por crimes terríveis e perdoado por Zeus em um momento de extremo bom-humor. Acolhido no reino dos deuses, o criminoso revelou sua mais completa ingratidão ao cortejar Hera, esposa de seu benfeitor. Ainda em seus melhores momentos, o deus dos deuses gera uma nuvem com o formato da deusa, confere-lhe a existência e se distrai vendo seu rival desonrar a falsa Hera. Mas Ixion vai além e se orgulha diante de todos por ter alcançado seus objetivos escusos com a companheira de Zeus. É quando o condescendente deus esgota sua capacidade de tolerância e atira o infeliz no Hades – o qual corresponde ao inferno na visão mitológica -, fixo em uma roda que para sempre arderia em chamas.




     Desta ligação entre Ixion e a suposta Hera foi concebido um ser misto, meio homem e meio cavalo, o qual foi batizado como Centauro ou Kentauros, que depois daria origem a uma descendência assim caracterizada. Destes seres, apenas Quíron e Folo fogem ao estereótipo colérico de seus semelhantes. O primeiro foi fruto da união entre Cronos e Filira, filha do Oceano; o segundo provinha do relacionamento entre Sileno e a ninfa Melos. Portanto, nenhum dos dois era descendente de Ixion, resguardando-se assim de sua truculência.

     Quiron foi celebrizado pela sua dedicação à arte de curar. Ele era extremamente devotado à Humanidade, à prática do bem e da justiça. Alguns estudiosos afirmam que sua mãe se desgostou tanto por ter produzido uma criatura aparentemente monstruosa, que teria implorado aos deuses que a mantivessem à distância dessa provação, sendo assim convertida em tília, uma árvore que produz folhas e flores medicinais.    
     Outros insistem que a figura materna teria permanecido ao lado de seu filho em uma caverna, assessorando-o na formação de diversos jovens guerreiros.

     Ao crescer, Quiron teria acompanhado a deusa Diana em suas aventuras de caça. Assim ele teria conquistado o domínio de várias disciplinas, entre elas a botânica, astronomia, medicina e cirurgia. Ele se tornaria hábil na Medicina, transferindo depois suas técnicas a vários heróis gregos. Amigo de Hércules, ele foi acidentalmente atingido pelo companheiro, o que gerou um ferimento incurável. Desesperado com a dor, ele implora para se tornar um mortal, presenteando Prometeu com sua imortalidade. Mas é imortalizado de outra maneira, pois Zeus, em sua homenagem, o representa na esfera celestial com a Constelação de Sagitário.



     Outro centauro morto sem querer por Hércules foi Folo, seu grande amigo. Ao receber uma visita do herói, ele se alegra tanto que decide abrir uma garrafa de vinho para comemorar. Outros centauros, atraídos pelo aroma da bebida, invadem a casa onde eles se encontram e são alvejados pelo guerreiro que, em sua ânsia de vencê-los, acerta acidentalmente Folo, que não resiste e morre.

     Os centauros são conhecidos também por sua famosa participação no confronto com os Lápitas. O monarca de Pisa, Enomau, teria convidado alguns destes seres para o matrimônio de sua filha, a quem o pai destinara ao adversário que o vencesse em uma corrida de carros. Após eliminar vários de seus rivais, ele foi enganado por Piritos, que finalmente derrotou o sogro depois de Mirtilo, o cocheiro, ter arruinado as rodas do carro do rei.



     Durante a festa, o centauro Erítion bebe em demasia, tenta violar a noiva, no que é imitado por seus companheiros, dando início a uma terrível luta contra os homens. Os centauros remanescentes fogem então da Tessália. Muitos escritores da Antiguidade narraram este episódio sob a forma de poesia épica; vários artistas o retrataram em obras de arte concebidas para adornar os templos gregos.

     Cenas da batalha entre os Lápitas e os centauros foram esculpidas em baixo relevos no friso do Partenão, que estava dedicado à deusa da sabedoria Atena.



Cultura Popular



     Na popular série de livros de C. S. Lewis, As Crônicas de Nárnia os centauros são retratados como criaturas sábias e nobres. Eles são dotados de observação de estrelas, profecia, cura, e guerra, uma raça feroz e valente sempre fiel ao Alto Rei Aslan o leão.

Na série de J. K. Rowling, Harry Potter os centauros são retratados como seres inteligentes e orgulhosos. Centauros vivem na Floresta Proibida perto de Hogwarts. Embora diferentes daqueles observados em Nárnia, eles vivem em sociedades chamados rebanhos e são hábeis em cura, arco e flecha, profecia e astrologia. Apesar das representações no cinema, que incluem muito animalescos, características faciais, a reação das meninas de Hogwarts para Firenze sugere uma aparência mais clássica.

Na série de livros Percy Jackson e os Olimpianos de Rick Riordan Eles são vistos como os festeiros que usam muita gíria americana, que são considerados selvagens e sem civilização. Quíron é mais como os centauros clássicos(da mitologia grega), fiel, sendo treinador dos heróis e qualificados no tiro com arco e sábio com Percy.

Na série Fablehaven de Brandon Mull Os centauros são retratados como um grupo, orgulhoso elitista de seres que se consideram superiores a todas as outras criaturas. O quarto livro também tem uma variação da espécie chamada de Alcetauro, que é parte homem, parte de alce.

No livro de Michael Ende A História Sem Fim há Cairon um centauro sábio. Centauros são vistos no filme Fantasia (Disney)


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ciclopes

     Os ciclopes eram, na mitologia grega, gigantes imortais com um só olho no meio da testa que, segundo o hino de Calímaco, trabalhavam com Hefesto como ferreiros, forjando os raios usados por Zeus.
     Os ciclopes podem ser divididos em dois grupos de acordo com o tempo de existência: os ciclopes antigos (ou primeira geração) e os ciclopes jovens (nova geração).


     Eles aparecem em muitos mitos da Grécia, porém com uma origem bastante controversa. De acordo com sua origem, esses seres são organizados em três diferentes espécies: os urânios, filhos de Urano e Gaia, os sicilianos, filhos do deus dos mares Poseidon, e os construtores, que provêm do território da Lícia.

Os urânios

     Arges, Brontes e Estéropes são considerados os ciclopes mais antigos, descendendo de Urano e Gaia. Diz a lenda que, ao nascerem e por causa de seus enormes poderes, seu pai Urano, senhor dos céus, trancou-os no interior da Terra com seus irmãos, os hecatônquiros, gigantes de cem braços e cinquenta cabeças. Gaia, encolerizada por ter os filhos presos no Tártaro, incita-os a apoiar a guerra travada por cinco dos seis titãs, também seus filhos com Urano, a fim de tomar o trono do pai que, à época, governava o céu.   
     Os titãs vencem, porém os ciclopes são enviados novamente para o abismo do Tártaro.
Por vezes, Zeus, assim como seus irmãos Poseidon e Hades, libertava os ciclopes com a intenção de tê-los como aliados na guerra contra Cronos e os titãs. Os ciclopes, como bons ferreiros, forjaram armas mágicas e poderosas para os irmãos: Zeus recebera raios e relâmpagos, Poseidon, um tridente capaz de provocar terríveis tempestades, e Hades, o Elmo do Terror, que lhe dava invisibilidade.


     Tempos depois, quando os ciclopes já eram considerados ministros de Zeus e seus ferreiros permanentes, o grande deus percebeu uma ameaça no médico Asclépio, filho do deus Apolo. Asclépio, por meio de muito estudo, conseguiu fazer ressuscitar os mortos. Então, para que isso não causasse qualquer impacto com a ordem do mundo, Zeus decidiu exterminá-lo. Transtornado e ofendido com a ira de Zeus sobre seu filho, Apolo decidiu matar os ciclopes que fabricavam os seus raios. Há indícios de que não foram os ciclopes que morreram pelas mãos de Apolo, mas sim seus filhos.

Os sicilianos

     Essa raça é retratada nos poemas homéricos como gigantescos e insolentes pastores fora da lei, os quais habitavam a parte sudoeste da Sicília. Não se importavam muito com a agricultura e todos os pomares cultivados naquelas terras eram invadidos por eles, quando procuravam por comida. Registra-se que, por vezes, comiam até mesmo carne humana. Por este motivo, eram considerados como seres que não possuíam leis ou moral, morando em cavernas, cada um deles, com sua esposa e filhos, os quais eram disciplinados de forma bastante arbitrária pelos mesmos.


     Ainda segundo Homero, nem todos os ciclopes possuíam apenas um olho no centro da testa, entretanto Polifemo, que era considerado o principal dentre todos os outros, esse sim tinha apenas um olho em sua testa.
     Homero ressalta, ainda, que os ciclopes descritos em seus poemas não serviam mais a Zeus e desrespeitavam o grande deus.


Outro mito sobre os sicilianos


     Segundo Virgílio e Eurípedes, os ciclopes eram assistentes de Hefesto e trabalhavam dentro dos vulcões junto com o deus, tanto no Monte Etna, na Sicília, como em outras ilhas mais próximas. Os dois filósofos não os descreviam mais como pastores, mas como ferreiros que trabalhavam para os deuses e heróis, forjando suas armas. O poder dos ciclopes era tão grande que a Sicília, e outros locais mais próximos, conseguiam ouvir o som de suas marteladas quando trabalhavam na forja. Acredita-se que o número de ciclopes tenha aumentado, segundo os poetas, e que sua moradia tenha sido remanejada para a parte sudeste da Sicília.


     Há, ainda, um mito sobre os ciclopes mais jovens, ou nova geração. Tais ciclopes eram, também gigantes e tinham um olho em suas testas, porém, diferentemente das raças anteriores, eram pastores e viviam em uma ilha chamada Hypereia, conhecida entre os romanos como a Sicília. Foi exatamente um desses ciclopes, Polifemo, que Ulisses encontrou quando de sua viagem de regresso à Ítaca, seu lar.
     Diz-se que essa nova raça de ciclopes nasceu do sangue do deus Urano que espirrou sobre a Terra, Gaia. Entretanto, Polifemo não era filho de Urano e Gaia, mas de Poseidon com a ninfa Teosa.


Terceira espécie

     Diz-se que há, ainda, uma terceira raça de ciclopes, denominados construtores, provenientes do território da Lícia. Esses possuíam grande poder físico e não eram violentos. Seus trabalhos eram muito pesados e nenhum humano conseguiria realizá-lo tão facilmente. Suspeita-se de que esses ciclopes sejam os responsáveis pela construção das muralhas das cidades de Tirinto e Micenas.

domingo, 2 de junho de 2013

Homossexualidade na Mitologia grega

     Desde o início da história escrita, centenas de culturas, mitos, folclores e textos sagrados têm incorporado temas homoeróticos e de identidade de gênero. Assim, desde esses tempos mais remotos, muitos mitos narravam estórias envolvendo homossexualidade, bissexualidade ou transgenerismo como símbolo de experiências míticas e/ou sagradas.



     Casais de homem com homem e mulher com mulher eram comuns na Grécia. Havia até mitos para explicar a origem da pederastia, a relação entre homens maduros e jovens: o primeiro dizia que Orfeu, um dos seres da mitologia grega, acabou se apaixonando por adolescentes depois que sua mulher, Eurídice, morreu. Outra lenda afirma que a pederastia começou com o músico Tamíris, que foi seduzido pelo belo Jacinto.





     A mitologia greco-romana possui diversas narrativas de histórias de amores entre seres do mesmo sexo. Esses mitos têm sido considerados fundamentalmente influentes na literatura ocidental LGBT, sendo constantemente adaptados, republicados e reescritos, e de fato suas figuras são muitas vezes vistas como ícones. O lesbianismo, no entanto, quase não é encontrado nos mitos greco-romanos, embora destaca-se o de Zeus (Artemis) e Calisto.


     O deus patrono dos hermafroditas e travestis é Dionísio, deus gerado na coxa de Zeus, seu pai, depois de sua mãe morrer esmagada pela forma verdadeira de Zeus.Também há deuses considerados patronos do amor entre homossexuais homens, como o amor da deusa Afrodite e os deuses em sua comitiva, tais como Eros, Himeros e Pothos. Eros também faz parte de uma trindade de deuses que desempenharam papéis nas relações homoeróticas, junto com Hércules e Hermes, que concedeu qualidades de beleza e fidelidade, a força e a eloquência, respectivamente, para os amantes do sexo masculino. Na poesia de Safo, Afrodite é identificada como patrona das lésbicas.




     Temos também a história de Tirésias, adivinho cego da Aeona, que conhecia "os dois lados do amor/de Vênus" (tendo mudado de sexo duas vezes e vivido sete anos como mulher); numa história retomada e preservada pelo poeta romano Ovídio em sua Metamorfoses, Júpiter e Juno discutem quem tem mais prazer sexual, o homem ou a mulher, ao que o deus diz que as mulheres sentem maior prazer e Juno discorda, concordando, ambos, em pedir a opinião do adivinho que, dando razão à Júpiter ao afirmar que realmente as mulheres sentem maior prazer sexual que os homens, provoca a ira de Juno, que o cega.





     Hermafrodito, por sua vez, era filho de Afrodite e Hermes e, por representar a fusão dos dois sexos, não tem gênero definido, sendo um belo exemplo do transgenerismo. Preservado também na mitologia romana, seu relato mais famoso é o da Metamorfoses de Ovídio, em que a náiade Salmacis se apaixona por ele e roga aos deuses que se juntem, misturando-se numa forma intersexual. Alguns autores referem-se que tinha cabelos longos e seios de mulher, e estudiosos notam que, embora seja portador dos dois sexos, ao contrário do seres andróginos (que ainda possuem desejos sexuais) ele é impotente e assexuado, daí seu desprezo por Salmacis.  

     O deus Pã, por sua vez, que vivia nas matas, engajava-se em relacionamentos com ninfas, meninas e também com meninos; sua presença causava pânico, palavra que deriva de seu nome.



A sociedade grega antiga



     Na Grécia antiga, o homossexualismo estava também ligado às tradições militares. A prática era aliada aos bons e leais soldados, a amizade viril entre militares fazia-os mais leais e unidos uns aos outros. Naquela sociedade, composta por uma grande maioria de soldados, acreditava-se que o envolvimento sexual e emotivo entre os militares fazia com que estivessem mais dispostos a dar a vida uns pelos outros, fazendo deles guerreiros ferozes e leais. Portanto, a iniciação com homens experientes poderosos, era fundamental na educação sexual e militar dos soldados.


     Os heróis soldados da Grécia, traziam os mitos com lendas que relacionavam a coragem ao homossexualismo. É o caso de Herácles, o maior herói da mitologia grega. Filho de um incesto de Zeus com a mortal Alcmena, o herói sofreu a vida inteira com a perseguição de Hera, levando-o à loucura, às grandes aventuras, à morte e finalmente, à ascensão ao Olimpo, já como imortal.
     Várias passagens do mito de Herácles trazem a sua força viril, que conta, teria engravidado as cinqüenta filhas de Téspio, rei da Beócia, gerando cinqüenta varões. Mas o amor homossexual ronda o mito, sendo aceito em algumas variações da lenda o seu relacionamento com o sobrinho Iolau, que o ajudou em alguns dos seus trabalhos. Iolau foi presenteado por Herácles com uma esposa, a bela Mégara. Herácles e Iolau tornaram-se símbolo da fidelidade entre casais masculinos, que ao pé da suposta tumba do amante de Herácles  faziam juras e promessas. As Ioléias, jogos ginásticos e eqüestres celebrados em Tebas, reverenciavam o amor de Herácles e Iolau, presenteando os vencedores com armas e vasos de bronze.
Além de Iolau, outros amantes foram atribuídos a Herácles,  Filoctetes, Jasão, Teseu e, o mais recorrente nas lendas, Hilas. 

     Segundo a lenda, na famosa expedição dos Argonautas, símbolo da expansão grega sobre o Mar Negro e às terras ao redor, Herácles foi acompanhado pelo belo Hilas, por quem se apaixonou ardorosamente. Os dois mantiveram-se inseparáveis durante toda a aventura. Seriam separados quando a nave Argos parou em Mísia, na Ásia Menor. Ali, as Naiades, ninfas dos lagos e das fontes, encantaram-se pela beleza reluzente de Hilas.      

     Envolvidas pelo fascínio e pela paixão, elas atraíram o belo jovem até um lago, raptando-o e sumindo com ele. Desesperado, Herácles abandonou a expedição para encontrar o amado. Gritava com a voz embargada pela dor da perda. Foi inútil a procura, Hilas jamais foi visto uma outra vez por qualquer mortal. Restava ao grande Herácles chorar a dor da perda do amado.




     Aquiles foi considerado o maior guerreiro da mítica Guerra de Tróia. O mais valente e feroz de todos os soldados gregos. Sua força viril contrastava com a vulnerabilidade do calcanhar, única parte do corpo que não era imortal, e com a sua instabilidade emocional. A sua amizade de Pátroclo era um elemento essencial da sua força, imprescindível também, para a força dos soldados gregos. Era esta amizade que se via como o verdadeiro ideal, esta amizade masculina levada ao extremo criou as condições para que o homossexualismo tomasse lugar de honra na sociedade grega. Criados juntos desde a infância, Pátroclo e Aquiles são inseparáveis.      
     Quando Agamenão ofende Aquiles e este abandona os campos de batalha, será a morte de Pátroclo, que o fará voltar, com uma grande sede de vingança. Usando a armadura de Aquiles, Pátroclo é morto por Heitor, o maior guerreiro troiano. O corpo de Pátroclo é deixado nu no campo de batalha, e a armadura de Aquiles roubada. Enlouquecido pela morte do amigo, Aquiles toma-lhe o corpo nu, carregando-o como o troféu da dor. Furioso com a morte do amigo, Aquiles voltará aos campos, matará Heitor e muitos troianos, lutando até a morte.
     
     Ainda em Tróia, Aquiles apaixona-se por Troilo, o mais novo dos príncipes troianos, filho de Príamo. A profecia dizia que, se Troilo chegasse à idade madura, Tróia jamais sucumbiria. Troilo é perseguido pelos gregos. Quando Aquiles depara-se com ele, fica irremediavelmente encantado com a sua beleza, apaixonando-se e oferecendo-lhe o seu amor. Mas Troilo recusa o afeto do herói grego, fugindo para o templo de Apolo.  
     Inconformado com a rejeição, Aquiles executa o príncipe troiano no altar do templo. A execução de Troilo garante a vitória dos gregos sobre os troianos. 



     


     Finalmente Teseu, o herói militar mais valente e famoso de Atenas, matador do Minotauro, viveu amores por iguais, tendo nutrido uma paixão por Herácles  a quem ajudou a derrotar os centauros em uma batalha sangrenta. Teseu era amigo inseparável de Pirítoo, com quem teria vivido uma relação de amantes. Juntos, urdiram raptar Perséfone, esposa de Hades, o senhor do mundo subterrâneo, para que Pirítoo a desposasse.  
     Como castigo pela audácia, os deuses aprisionaram os amigos no hades por quatro anos. Teseu seria libertado pelo amigo Herácles  quando tentou libertar Pirítoo, foi impedido por Zeus. Pirítoo despediu-se do amigo, ficando encerrado para sempre no mundo dos mortos, enquanto que Teseu continuou a sua jornada pela terra, como um dos maiores heróis da Grécia antiga.

Os Amores de Apolo


     Apolo tornou-se o deus mais popular de toda a Grécia antiga. Era o deus protetor da arte, da luz, da medicina, entre várias designações. Era tido como o deus da beleza perfeita e ideal perseguida pelos gregos. A prática de esportes era uma tradição na Grécia antiga, tendo Apolo como o deus protetor. Nos ginásios desportivos, os atletas praticavam exercícios totalmente nus. Era na prática da ginástica que muitos romances nasciam entre homens.

     O mito de Apolo descreve intensamente a prática da ginástica com os seus amantes, mostrando uma virilidade que se buscava nos corpos nus dos ginásios. Um dos famosos amores homossexuais do deus foi Ciparisso, filho de Telefo e Jacinta. Apolo venerava a beleza do seu amado, fazendo-se terno e apaixonado.  
     Juntos praticavam a corrida e o arremesso de dardos. Os corpos nus e perfeitos dos amantes corriam ao sol por entre os bosques. Um dia Apolo presenteou o jovem amante com um cervo. Ciparisso apegou-se àquele animal, fazendo-o sagrado. Certa vez, ao jogar os dardos com Apolo, feriu, por acidente, mortalmente o cervo.      
     Ciparisso ficou inconsolável, sendo acometido de uma tristeza profunda. Derramava lágrimas intensas pelo animal sagrado. Na sua infinita dor, pediu ao amante que permitisse as suas lágrimas para sempre, sem jamais esgotar o fluxo. Não podendo negar um pedido ao amante, Apolo transformou-o em uma árvore cuja resina formava gotículas de lágrimas no tronco, nascia o cipreste.




     O amor homossexual mais famoso de Apolo foi o belo Jacinto. O deus disputou o amor do jovem com Zéfiro, o vento oeste. O deus do vento jamais aceitou ser preterido por Apolo. O deus da arte e o amante costumavam praticar ginásticas e outros jogos. O arremesso de disco era um dos jogos preferidos dos amantes. Numa dessas práticas, Apolo arremessava o disco aos céus com perfeição, sendo observado pelo amado. Quando Jacinto arremessou o disco, Zéfiro, em sinal de vingança, soprou-o na direção do jovem, atingindo-o no rosto, fazendo com que caísse morto sobre a relva, coberto de sangue. Ao ver a fatalidade que acontecera ao amado, Apolo ainda tentou ressuscitá-lo, mas já era tarde, Jacinto fora arrebatado ao hades. O seu belo rosto tinha sido destruído pela tragédia. Desesperado com a morte do amado, Apolo fez nascer do sangue derramado de Jacinto, uma flor púrpura, com cálice em forma de lírio. Em Esparta, cidade de Jacinto, foi instituída uma festa e jogos em seu louvor, as Jacintas,que se realizavam todos os anos.

     Belas, muitas vezes trágicas, outras vezes felizes, as lendas dos amores homossexuais da mitologia grega, tinham alguns pontos em comum; o objeto da paixão de um deus ou herói era de uma beleza rara, na maioria das vezes na idade adolescente. Normalmente a tradição grega permitia que, a partir dos doze anos, os jovens tivessem um homem mais velho como amante. Nas lendas, eles são, com poucas exceções, extremamente novos, mas, essencialmente adolescentes, já com a maturidade sexual do corpo latente, cravada na puberdade, longe da pedofilia. É preciso ter em mente que a fase da adolescência não existia para as culturas antigas, ao rapaz, ao transformar o corpo, ao nascer-lhe os pêlos pubianos e aflorar o órgão genital, era considerado um jovem adulto, assim como as mulheres, transformadas em adultas na primeira menstruação. Atingida esta fase, o jovem adulto era preciso ser iniciado na vida sexual e intelectual da sua cidade. E as lendas legitimavam este costume, só encerrado pela cristianização da civilização helênica