domingo, 2 de junho de 2013

Jacinto

     Na mitologia grega, Jacinto era um jovem mortal muito amado pelas divindades, principalmente por Apolo que caiu de amores pelo belo Jacinto e desceu á terra para viver com ele.



     Apolo amava apaixonadamente Jacinto. Acompanhava-o em suas diversões, levava a rede quando ele pescava, conduzia os cães quando ele caçava, seguia-o em suas excursões pelas montanhas e esquecia, por sua causa, a lira e as setas.




     Certa vez em que ambos se divertiam com um jogo, Apolo lançou o disco com tal habilidade para o céu que Jacinto, olhando admirado, correu para o apanhar, ansioso por fazer a sua jogada. Zéfiro (o vento oeste) também amava o jovem e, enciumado pela preferência por Apolo, mudou a direção do disco para que este o atingisse. Ao bater na testa de Jacinto, o disco fez com o jovem caísse morto naquele instante. Apolo correu em desespero até ele e com toda sua habilidade médica tentou reavivar o corpo de Jacinto, mas a sua cura estava além de qualquer habilidade.



     Apolo se sentiu tão culpado por sua morte que promete que Jacinto viveria para sempre com ele na memória do seu canto. Sua lira celebraria-o, seu canto entoaria a canção de seu destino e ele se transformaria numa flor.    

     Assim, o sangue de Jacinto que manchara a erva, se transforma numa flor de um colorido mais belo que a púrpura tíria. Uma flor muito semelhante ao lírio, porém, roxa. Nela foi gravada a saudade e o pesar de Apolo com o lamento "Ai! Ai!" que ele escreveu na flor, como até hoje se vê. A flor carrega seu nome e renasce todas as Primaveras relembrando o seu destino.
     


A flor mencionada não parece ser o jacinto moderno conhecido; talvez se trate de alguma espécie de íris, de esporinha ou de amor-perfeito.



     Jacinto era provavelmente um espartano que vivia em Atenas quando esta estava sendo atacada por Minos. Minos, não conseguindo tomar Atenas, rezou a Zeus pedindo vingança, que fez Atenas sofrer fome e peste.
     Os atenienses, atendendo a um oráculo, sacrificaram as quatro filhas de Jacinto, Antheis, Aegleis, Lytaea e Orthaea, no túmulo do cíclope Geraestus. Isso não adiantou, e o oráculo sugeriu a rendição incondicional (dar a Minos o que quiser); Minos então exigiu como tributo a entrega de sete rapazes e sete damas para serem sacrificados ao Minotauro.


     Apolo teve outros amantes homens, o que era natural para a cultura grega antiga. A ligação entre dois homens tinha funções sociais ao mesmo tempo pedagógicas e ritualísticas. A ligação mais estreita era quase sempre entre um homem mais velho e um jovem (erastes e eromenos), o primeiro tornava-se iniciador do outro na vida adulta, cultivando-o nas artes das letras, da guerra e/ou da filosofia. A ligação terminava quando o jovem deixava a puberdade  então, ele deveria casar-se para procriar e poderia tomar para si outro eromenos prosseguindo com a tradição. A relação de Apolo com essa ligação afetiva e sexual, fez com que ele fosse adorado em alguns lugares por meio de rituais religiosos que envolviam as relações entre homens. É preciso lembrar que, nesta cultura, tal ligação era um ato viril e de amor superior.





     Sendo um aspecto definidor da cultura, muitos amores entre homens e entre homens e deuses e entre deuses são descritos na mitologia clássica. O fim trágico da maioria não se refere ao tipo de amor, mas á forma como os gregos constituíam suas histórias e o papel do destino (no sentido de fatalidade) nelas.

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